segunda-feira, 12 de junho de 2017

Rota cruzada

(Lídia Maria de Melo)

Por que é que eu sempre te encontro?
Por que tua boca  não sai
de tudo o que posso ver
na tela da minha tevê?
O toque do telefone te atormenta,
quando estamos sozinhos, e eu sei.
Não devias ligar.
No saldo,
vale o passeio na mata,
meus dedos na tua mão,
um ouvido na cachoeira
e o outro no coração.
As caixas de chocolate
e  teus carinhos macios
na pele das minhas costas.
O teu jeito meio moleque dengoso
de grudar no meu pescoço
e se escanchar com as pernas
em torno de minha cintura.
Podem transcorrer uns mil anos,
ninguém vai ultrapassar
as nossas intimidades.
Teu gosto na minha boca,
a tua boca em mim,
e eu me desintegrando,
entregue no teu deleite.
Há algo além de estranho.
Há muito mais do que o acaso
na nossa rota cruzada
no mesmo tempo e espaço.
É muito mais que luxúria.
Transcende o limite do lógico.
Prefiro chamar de carinho.
De ti já vem outro nome.
Não penso em rotular,
me dou permissão de sentir.
Uma história deixa rastros.
Não vou insistir, nem brigar.
Pode ficar em sossego,
toda esta trajetória
é nosso jeito de amar.

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